Katucha Bento é madrinha/tia de Chizara, Jaxon and Chibueze, crias da diáspora negra. Sua maior inspiração vem das comunidades quilombolas e de samba, posias, linguagens queer e dos feminismos negros descoloniais. Essa combinação cria possibilidades de promover éticas de ciudado com responsabilidade e poder para o povo com amor sendo a ferramenta revolucionária da mudança.
Na Universidade de Edimburgo, Katucha Bento é Professora de Raça e Estudos Descoloniais no departamento de Sociologia e a primeira capelana honorária em Candomblé. Ela foi co-diretora do RACE.ED Network até dezembro de 2023.
Ela é a co-fundadora da UNAFRO (Universidade Livre de Sociologia e Comunicação Afro-Brasileira); e editora associada da revista academica Identities: Global Studies in Culture and Power.
O movimento negro brasileiro foi um marco seminal de sua trajetória e formação. Estudou no Núcleo de Consciência Negra da Universidade de São Paulo – NCN-USP, ONG fundada pelo Movimento Negro no Brasil que oferecia cursinho preparatório gratuitos para o ingresso na universidade. Lá, ela aprendeu como formar assembleias para organização coletiva, participou de conferências e encontros por justiça racial organizados por ativistas, e foi ensinada por educadores incríveis sobre diversos tópicos que incluíam direitos civis, direitos humanos e as lutas por liberação em todo o mundo.
A sua transição para a universidade em 2003 abriu novos horizontes sobre conceitos para compreender a sociedade com um grupo fascinante de estudantes iniciando as suas jornadas e outros já bem estabelecidos na luta por justiça social (líderes sindicais, agentes de políticas sociais e ativistas). Katucha foi uma das poucas estudantes negras da sua turma a se formar em 2006, quando obteve seu diploma de bacharel em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Sua dissertação final foi um estudo antropológico discutindo a racialização nos encontros afetivos-sexuais em festas de samba na cidade de São Paulo.
Ela se graduou em 2013 como Mestre pelo programa de Pesquisa Sociológica na Universitat de Barcelona. Um programa focado em metodologias e novas abordagens da Sociologia. Em sua dissertação, ela discutiu processo de racialização, afeto e amor, branquidade e colonialidade nas relações entre mulheres que amam mulheres ou se identificam como lésbicas. Na Espanha, ela se engajou em pesquisas internacionais sobre imigração na Europa e um estudo com mulheres transgênero sobre suas experiências no sistema de saúde e interações cotidianas.
Katucha concluiu seu doutorado em Sociologia e Política Social em 2020 pela Universidade de Leeds. Sua pesquisa de doutorado discutiu como as mulheres negras brasileiras negociam os significados da negritude enquanto vivem suas experiências diaspóricas no Reino Unido. Sua trajetória de doutorado foi marcada pela solidariedade de estudiosos negros que abriram caminho para que ela vivenciasse a academia de forma mais gentil, atenciosa e respeitosa. Por isso, ela guarda eterna gratidão por Shirley Anne Tate, Gail Lewis, Iyiola Solanke, Jackie Kay, Nathaniel Adam Tobias Coleman, Robbie Shilliam e tantes estudioses negres que ofereceram consolo, apoio e referência para ela se tornar uma disruptora dos paradigmas coloniais de estudos, formas de trabalho e colegialidade. Seja nas trocas longas ou curtas, essas pessoas inspiram profundamente seu trabalho até hoje.
Os seus projetos estão interessados em trocar conhecimentos e gerar diálogos a partir da solidariedade antirracista transnacional.